Embora tenha jurado manter-me fiel a sequencia de eventos, vou alterar um pouco a rota desta historia. Nao vou escolher um disco, mas vou antes deixar aqui pedacos de musicas que me inspiram e que tenho a sorte de ter em formato analogico, va, chamemos-lhe assim (musicas da minha pobre mas esperancosa coleccao de discos).
Comeco com o primeiro disco que comprei em Londres, em Camden Town, num dos sabados passados a passear naquele misto de feira de velharias, onde o bizarro se torna ordinario e de tao normal que sou me costumo sentir a outsider. O primeiro disco que comprei foi entao um best of dos Doors, e o senhor Jim chegou mesmo ser o meu Back Door Man quando ainda vivia no pub.
Take me to Portugal, take me to Spain
Carry me caravan, take me away Jim.
Este pedaco da musica Spanish Caravan sempre me fascinou! Leva-me para Portugal, e imagino uma caravana cigana a passear por planicies lusitanas, e andaluzas (ou como imagino que elas sejam). Vejo sol, aquele calor ardente dos nossos veroes, que sufoca, paralisa o corpo e deixa a mente a divagar. Outros ha que melhor descrevem o que imagino ao ver esta caravana passar. Miguel Torga, por exemplo. Eu so consigo pensar em palavras soltas, andam aqui a flutuar a minha volta, so tenho de as apanhar. E assim se penso em verao em Portugal, penso em campo. Cheiro doce. Cheiro acido (?). Vida e morte. Calor. Flores. Brisa. Mais calor. Pes descalcos. Arvore. Sonolencia. O sol na pele, a aquecer, a queimar. Chamas. Silencio. Horas mortas, horas rubras (como diria Florbela Espanca).
O que nao dava para estar agora estendida num monte alentejano, uma flor azeda na boca e a tarde a escorrer lentamente pelo corpo abaixo. Onde o horizonte se funde com o ceu, literalmente, pois este calor e capaz de derreter ate os horizontes mais longuinquos, vejo uma caravana passar vagarosamente...
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